Escrito em 11/9/2009
Internos da “Faixa de Gaza” do HDB pedem socorro
O nome dela é Margareth, tem 49 anos e está internada no pronto
socorro do Hospital de Base de Brasília aguardando o momento da
cirurgia, ao seu lado inúmeros pacientes na mesma situação.
É sua quarta internação pelo mesmo motivo, um acúmulo de líquido no
cérebro causado por malformação genética que se manifestou aos 48
anos. Da primeira vez, depois de vários dias internada no corredor pronto
socorro, a cirurgia foi feita e ela voltou pra casa bem. Meses depois
teve que retornar ao hospital para nova cirurgia, dessa vez foi
colocada uma válvula para drenar o líquido da cabeça para a barriga.
Dias depois começou a aparecer um grande caroço na barriga que foi só
aumentando. De volta ao hospital, de volta internada no corredor,
foram feitos vários exames e talvez por não saberem exatamente o que
fazer, os médicos a mandaram de volta para casa.
Agora ela está lá no mesmo corredor, apelidado pelos internos de
“Faixa de Gaza” aguardando há cinco dias o momento da cirurgia. Pela
manhã passa a enfermeira e diz que ela está de dieta zero para a
cirurgia, no final da tarde vem, junto com o jantar, a notícia de que
a cirurgia só acontecerá no dia seguinte, e, a cada dia, o ritual se
repete, jejum e promessa de cirurgia permanecem.
Enquanto Margareth está internada tendo como companhia apenas os
outros internos, sua mãe de 78 anos se consome de preocupação com a
eterna expectativa da cirurgia que nunca acontece e, enquanto o caroço
aumenta, aumentam também a ansiedade, a angustia, a tristeza e
principalmente a indignação.
E aí, nós cidadãos que pagamos impostos, perguntamos ás autoridades responsáveis pela saúde desta cidade:
Onde está o respeito pelos doentes?
Onde estão as condições necessárias para um bom atendimento?
Onde está a consideração com o indivíduo que é obrigado a entregar sua
vida nas mãos de profissionais pouco comprometidos com o outro?
O que fazer para termos um atendimento digno?
Enquanto as respostas não vêm as Margareths, Marias, Madalenas,
Paulos, Pedros e tantos outros ficam abandonados na “Faixa de Gaza”
torcendo para que a guerra de interesses pessoais dos políticos tenha
um fim.
segunda-feira, 26 de abril de 2010
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