Brasília, 18 de abril de 2010.
Prezados Senhores Conselheiros,
Venho por meio desta pedir esclarecimentos quanto à conduta do Conselho de Saúde em relação ao caos vivido pelo Hospital de Base de Brasília.
Há dois anos minha irmã é paciente da neurocirurgia do HDB. Já fez várias cirurgias, algumas delas conseguidas com a intervenção do Conselheiro Michel Platini, outras com a atuação da família buscando contato com a diretoria, chefes de equipe, além de pressionar o médico responsável, o ministério público e defensoria pública, para que as cirurgias fossem feitas. De modo geral as cirurgias só acontecem se o paciente tem um iminente risco de morte e se a família fica em cima. Caso contrário há sempre a desculpa de falta de salas no centro cirúrgico de anestesista.
Falta tudo no Hospital de Base.
Faltam médicos e enfermeiros suficientes para atender a quantidade de pacientes. Faltam compromisso e vontade dos médicos para atender os pacientes com o mínimo de humanidade (muitos médicos só falam com os pacientes e seus familiares mediante insistência, raramente aparecem e quando isso acontece, apenas olham os exames e pedem outros sem ao menos perguntar ao paciente como ele está se sentindo).
Fico no Hospital de Base como acompanhante e, enquanto cuido da minha irmã, acompanho o hospital ficar cada dia pior.
Falta quase tudo no Hospital de Base. Faltam aparelhos funcionando, de tomografia, de endoscopia, de esterilização. Falta esparadrapo, agulhas e luvas, falta lençol, fralda e água quente.
Os pacientes são obrigados a tomar banho de água e fria e se precisam de uma compressa de água quente o máximo que se consegue é uma água levemente morna. E, por falar em banho, faltam barras de apoio nos banheiros e, pacientes com dificuldade de locomoção e equilíbrio acabam caindo ensaboados no chão frio e sujo do banheiro do pronto-socorro.
Ainda faltam padioleiros, cadeiras de rodas e leitos. O Pronto Socorro lotado abriga pacientes em macas improvisadas e não é raro encontrar pacientes no chão.
Hoje no 3º andar tinham 03 enfermeiras para cada 07 pacientes e o 3º andar é o da neurocirurgia, das 21 pacientes apenas uma anda, as outras dependem das enfermeiras ou acompanhantes para comer, tomar banho, trocar fraldas além de outras necessidades.
Em nome do “conforto” a diretoria do Hospital resolveu mudar a entrada de visitas e acompanhantes para a portaria central, assim aqueles que andam de ônibus demoram cerca de vinte minutos para chegar da parada até a portaria e depois ainda são obrigados a andar uma distância considerável para alcançar o Pronto Socorro ou as enfermarias. A entrada do estacionamento foi fechada e o acompanhante ou visitante tem que atravessar o imenso estacionamento pelo lado de fora para passar na guarita sem nenhuma acessibilidade. E, quando consegue chegar á portaria ainda tem que enfrentar uma fila para identificação. Minha mãe com seus 79 anos não consegue visitar minha irmã por não ter condições de andar distância tão grande.
Mas não é só de faltas que vive o Hospital de Base. Temos também muitos excessos. Excessos de doentes, de problemas, de descaso, de desrespeito, de desumanidade, de humilhação, de jogo de empurra. Lá ninguém é responsável por nada, a culpa é sempre do outro.
E aqui fica a pergunta. Quem vai cuidar do caos que está o HDB?
Hoje o nosso hospital, que já foi referência, está agonizando e com ele todos os funcionários e pacientes.
Quem vai assumir a responsabilidade?Qual é o papel do Conselho de Saúde do DF nesta questão?
Lourdes Cabral Piantino em nome de Margareth Cabral Piantino paciente da neurocirurgia do HDB.
segunda-feira, 26 de abril de 2010
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