sábado, 1 de maio de 2010

PARA MARGARETH

Brasília, 01 de maio de 2010.

Para Margareth

Margareth, filha de Gercina e José, a terceira entre seis irmãos.
Nasceu lindinha, loirinha e chorona.
Cresceu abusada, rebelde e desbocada.
Margareth não teve muitas coisas na vida.
Estudou pouco, nunca gostou de escola, não tinha vocação.
Trabalhou pouco, não tinha profissão.
Não casou e não teve filhos, foi uma opção.
Não teve casa, sempre morou na casa da mãe.
Não teve dinheiro nem as coisas que só o dinheiro pode comprar.
Margareth não teve muitas coisas na vida. Margareth teve o que todos gostariam de ter.
Margareth teve amigos e amores.
Os amigos foram muitos e todos fiéis, presentes e participativos da sua vida ao mesmo tempo sem nada, ao mesmo tempo com tudo.
Os amores foram poucos, fortes, intensos e duradouros.
Margareth gostava de comer, comeu muito. Gostava de beber, bebeu muito, gostava de fumar, fumou muito. Gostava de viver, viveu muito.
Agora Margareth morreu.
Não deixou nada, nada material ficou de Margareth.
Margareth morreu. Viveu apenas 50 anos, morreu oito dias depois do seu cinqüentenário.
Margareth deixou tudo, deixou a mãe, os irmãos, os amigos e seu último e mais precioso amor.
Margareth não teve nada e ao mesmo tempo teve tudo.
Margareth teve o mais amoroso, carinhoso, cuidadoso e fiel dos homens de sua vida ao seu lado até o último minuto dela.
Alexandre, grande “Cabão”, grande homem, grande amigo, grande coração. Total dedicação.
Margareth não teve nada e teve tudo.
Que descanse em paz.

Lurdinha

Um comentário:

  1. Lurdinha,

    Sei que a Margareth vai ficar feliz cada vez que ler esse texto, impregnado de amor e que mostra a sua alma sensível porém forte e decidida.

    Sei que ela se orgulhará da irmã que pratica tudo aquilo que o mundo de hoje já não se importa, mas que que são ´valores que nos fazem felizes.

    Sei que sua irmã está num paraíso de paz, levando consigo a vida que viveu e a amizade que doou aos seus amigos e parentes.

    Beijos
    Vânia

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